MITO E LITERATURA: A MYTHODOLOGIA ENTRE A EXPERIÊNCIA E A CRÍTICA
Resumo
A literatura sempre foi devedora de sua origem mítica e, mesmo quando tentou se afastar dessa fonte original, e em alguns momentos tomar o seu lugar na forma de uma “literatura absoluta”, retornou para narrar algo que faz parte essencial de nosso passado linguístico. No desenvolvimento das críticas literárias, atravessadas por essas idas e vindas da literatura ao seu berço mítico, o espaço do mito invariavelmente foi mitigado. É compreensível, uma vez que as críticas e teorias literárias são exercícios posteriores à experiência da escrita e da leitura. No entanto, em um esforço de pôr em movimento a teoria do imaginário contra os racionalismos extremos das críticas modernas, o antropólogo Gilbert Durand desenvolveu uma crítica literária em que o mito tivesse papel central e fundamental, crítica que ele denominou de mythodologia. Nesta crítica, realizada em dois momentos, a mitanálise e a mitocrítica, isto é, o mito universal presente em um escritor e sua obra, seguido de uma análise dos mitemas da obra em sua perspectiva simbólica e imaginária, Durand indica como a literatura pode ser pensada entre a crítica e a experiência da escrita e da leitura, dada as possibilidades de eufemização do mito na própria obra literária.